domingo, 28 de fevereiro de 2010

Celso Antunes e a qualidade do ensino público

Abaixo, segue uma síntese sobre esses fundamentos, elos essenciais de um excelente ensino público:

· Nem todos os professores possuíam formação superior, mas se mostravam sempre dispostos a buscar por capacitação, integrando novas práticas ao cotidiano de suas aulas.

É desejável a formação acadêmica do professor, mas apenas um título ou a posse de um diploma não caracteriza a excelência. O essencial é o interesse em capacitação permanente.

· Gostam muito de seus alunos, mas são firmes e sabem que eles necessitam muito de segurança, que jamais se alcança senão pela aprendizagem de regras.

Amar os alunos significa desejar que estejam preparados, que conquistem competências. Eles somente são levados a essa conquista com firmeza, coerência e compreensão sobre a importância das regras. O professor verdadeiramente dedicado é firme e equilibra com arte severidade e carinho.

· Usam muito a criatividade para proporcionar experiências. Um dia, pode ser uma laranja partida usada para ensinar frações; no outro a olimpíada de leitura, o concurso de poesia; mais à frente, aventuras pelas hortas, pela culinária ou o torneio de xadrez, a gincana para conhecer a comunidade, os desafios curiosos no jornal mural.

· A interdisciplinaridade é traço marcante na ação dos professores e sua aula integra o ensino de Língua Portuguesa, Matemática e outras disciplinas e alia-se à sua preocupação com a postura, com os valores e com a atuação da escola na formação integral da pessoa.

· Na maior parte das vezes, são professores que libertam seus alunos da culpa pelo erro, pois descobrem que o erro faz parte do processo e que nenhum erro é sério quando se aprende como corrigi-lo e se tenta não errar mais.

Além desses fundamentos, cabe ainda destacar, na ação dos professores das escolas públicas de alta qualidade, a adoção das seguintes atitudes:

· Busca de alternativas para uma capacitação mais completa.

A capacitação não pode ser resumida apenas à busca de cursos, presenciais ou não, livres ou com concessão de certificados, mas deve incluir uma atitude de permanente automotivação para ler sempre, estudar muito. Organizar círculos de leitura e discussão de textos, participar de debates, assistir a DVDs educativos com os colegas e com eles buscar caminhos para transformar o que se ouviu ou se leu em ações concretas, buscar revistas especializadas, participar de seminários e de congressos, sempre pensando em buscar ideias e encontrar maneiras de implantá-las na escola em que se trabalha. Em síntese, assumir plenamente a mentalidade de um explorador persistente, de um aprendiz que jamais duvida da capacidade de mudança. Dez minutos por dia reservados ao estudo consciente parece pouco, mas representam 60 horas anuais de pesquisa, suficientes para promover um crescimento pessoal inefável.

· Constante busca de contato com os pais dos alunos.

Representa esta outra ação necessária. Bem sabemos que não é nada fácil em muitas comunidades o envolvimento dos pais nas atividades e no desempenho escolar de seus filhos. A mais frequente queixa é que “muitos pais largam os filhos na escola e supõem que, desde esse instante, nada mais necessitam fazer”. Mas é essencial insistir. O envolvimento familiar representa um importante estímulo no processo de aprendizagem de qualquer aluno. Da mesma maneira como saber “a quantas anda” a saúde de uma criança é obrigação de seus pais, não é menor essa mesma obrigação em relação às suas atividades culturais. Mas não basta aos professores envolverem os familiares em atividades escolares, é preciso também orientá-los sobre como agir.

· Cuidado com um planejamento dinâmico

Não existe uma excelente educação quando o professor não prepara aula, quando se vale de improvisações. Nesse sentido, a adoção do Aprende Brasil implica em considerável melhoria no desempenho do professor, porque desestimula “aulas improvisadas”, situações de aprendizagem inventadas, sem foco e sem qualquer compromisso com um planejamento coerente.

· Reconhecimento e premiação pelo mérito.

Não são poucos, felizmente, os diretores de escolas públicas e secretários estaduais e municipais de Educação que estão derrubando a visão corporativista e ultrapassada de achar que todos os professores merecem ganhar o mesmo salário, ignorando méritos e deméritos e deixando de lado quem mais se esforça. Deixar de destacar quem melhor realiza é acomodar todos à mediocridade que nada transforma.

· Uso eficiente dos recursos disponíveis.

O que se tem como verdade é que todo bom material pedagógico é útil, quando bem utilizado. Com muita frequência, participamos de seminários, palestras ou cursos em que o enfoque essencial era “como usar o material escolar em sala de aula”, e discussões que emergiam nesses eventos mostravam o quanto isso era importante para o progresso da aprendizagem dos alunos.

ANO 2010

benvindos

façam parte da geografia do dia-a-dia... aquela vivenciada por todos....transformada.. a cada instante...