segunda-feira, 6 de agosto de 2012

 

O que fazer quando seu filho não gosta do professor

Especialistas explicam como deve ser a conversa da família com a criança, com o educador e com a escola.


A criança chega em casa chateada, jogando a mochila no chão e reclamando da escola. Você ouve que o professor não gosta do seu filho ou que seu filho não gosta do professor. A reação natural de qualquer pai é ficar alarmado. Mas é preciso tentar manter a calma. A forma como você lida com a situação pode tornar as coisas muito melhores ou muito piores. Procurar uma resolução pacífica garante o melhor resultado para a vida escolar do seu filho, já que uma boa relação entre o aluno e o professor é um dos fatores que mais influenciam na aprendizagem, segundo a psicóloga e pedagoga Neide Saisi, da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Tanto adultos quanto adolescentes e crianças só aceitam que outra pessoa os ensine quando existe uma relação de confiança. "A pessoa só aprende com aqueles a quem ela delegou o direito de ensinar. E ela só dá esse direito a quem ela confia. É um processo inconsciente", explica a pedagoga. E para estabelecer essa confiança, primeiro é preciso criar um laço afetivo. A relação de afeto é fundamental principalmente nos primeiros anos de escola. Se a convivência com o professor é ruim, o aluno começa a rejeitar o processo de aprendizagem e se torna indócil e desinteressado. Por extensão, ele deixa de gostar da escola. "Ela deixa de ser um fato de desenvolvimento e aprendizado e passa ser um local de punição", diz Saisi.

Seu filho tem dificuldades nos estudos, notas baixas ou simplesmente tem mostrado o desejo de não ir para a escola? Vale a pena perguntar como anda o relacionamento dele com os professores. Nem sempre crianças e adolescentes deixam claro como é essa relação e os pais acabam não percebendo que esse é um dos fatores do problema.

A boa notícia é que na maioria das vezes é possível resolver o conflito por meio do diálogo. "Basta os dois lados estarem abertos", diz a psicóloga Sueli Conte, autora do livro "Bastidores de uma Escola" (Editora Gente) e atual diretora do Colégio Renovação, em São Paulo. Segundo ela, o primeiro passo é descobrir qual a origem da desavença, que pode ser resultado tanto do comportamento da criança ou até mesmo do docente. "O professor é um ser humano, ele também erra", explica Neide Saisi. Classes lotadas, estresse, problemas emocionais... Tudo isso pode levar o educador a ter atitudes inadequadas. "Mas normalmente ele é bem intencionado e está disposto a se corrigir se perceber se agiu de forma injusta", afirma Sueli Conte.

As especialistas dão quinze dicas para você resolver o problema do seu filho com o professor da melhor forma possível e garantir que a experiência dele na escola seja prazerosa e educativa.
 Todo mundo pode se enganar ao julgar o caráter dos outros. Crianças e adolescentes estão ainda mais sujeitos a se deixarem levar pelas emoções. "Eles podem interpretar a atitude do professor de forma errada", diz a psicóloga Sueli Conte. Antes de achar que o educador é um carrasco, ao menos leve em conta essa possibilidade. Acalme seu filho e peça para ele explicar melhor a situação.
 Se seu filho fizer afirmações genéricas como "minha professora é má", tente entender o que exatamente ele quer dizer com isso. Descubra o maior número de detalhes sobre a situação que o levou a pensar desse jeito. Será que a professora o humilhou na frente da classe ou apenas exigiu que ele fizesse o exercício? Segundo a psicóloga Sueli Conte, autora do livro "Bastidores de uma escola", é importante perguntar de maneira casual para que a criança não seja levada a exagerar a situação. Assim você pode julgar com clareza se a atitude foi realmente inadequada ou se a criança interpretou de maneira incorreta uma exigência razoável.
 Muitas vezes o aluno cria rancor do professor simplesmente porque não consegue entender o que ele está explicando. "Para existir afeto entre os dois, o mestre precisa respeitar o nível de desenvolvimento do aluno e sua personalidade", explica a psicopedagoga Neide Saisi, da PUC-SP. Alunos tímidos, por exemplo, podem acabar recebendo menos atenção e sentirem-se rejeitados. Tente entender qual a origem do conflito para estar preparado quando for conversar com o professor e com a escola.
 Se o aluno tem alguma defasagem de ensino ou dificuldade natural com uma disciplina específica, pode transferir o sentimento negativo para quem ministra a matéria. "Se não gosta do assunto, a criança ou adolescente também tende a ser mais indisciplinado, e consequentemente, mais repreendido", diz a psicopedagoga Neide Saisi, da PUC-SP. Nesse caso, explique a importância de aprender aquela disciplina, tente ajudá-lo com as tarefas e converse com a escola para que ele receba reforço. Aulas particulares também podem ajudar.
 Pode ser que ele não seja indisciplinado em casa, mas tenda a ultrapassar os limites na escola. Nem sempre as crianças se comportam da mesma forma nos dois ambientes. "Se a criança tem atitudes rebeldes e desafiadoras na sala de aula, a família tem de tentar resolver essa questão em casa", diz a psicóloga Sueli Conte, autora do livro "Bastidores de uma Escola" (Editora Gente). Mas não pergunte se ele fez algo de errado, isso pode parecer uma acusação. Peça a ele para pensar em quais atitudes poderiam estar deixando o professor bravo e ajude-o modificar esse comportamento.
 Desavenças familiares, brigas com colegas e até problemas de saúde podem levar as crianças e se tornarem agressivas na escola, segundo a psicopedagoga Neide Saisi, da PUC-SP. "É importante resolver fora da sala de aula tudo o que possa levar o aluno a ‘descontar’ suas frustrações nesse ambiente e acabar entrando em conflito com o professor", diz ela.




02/05/2012 16:03
Texto Letícia Mori
Educar
Foto: Nana Sievers
 

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